Memorial dos Povos Indígenas tem mais a oferecer do que esperam os brasilienses
Não é tão difícil identificar, de longe ou de perto, uma oca de concreto localizada entre duas pistas de uma das principais via da capital federal. O memorial dos povos indígenas, como outros monumentos de Brasília, foi projetado em 1987 pelo arquiteto Oscar Niemeyer, inspirado na taba indígena dos índios Yanomami. O lugar, que funciona efetivamente como museu do índio há somente 10 anos, possui um acervo permanente com 380 peças cedidas pelos antropólogos Darcy Ribeiro, Berta Ribeiro e Eduardo Galvão. O museu está aberto para visitação de segunda a domingo.
Segundo a guia de turismo Paula Funchal, o Memorial dos Povos Indígenas é um dos lugares pelos quais os visitantes menos demonstram interesse. Raimundo Nonato de Oliveira, 63, trabalha no museu há 4 anos e acredita que a razão dessa falta de interesse é a localização do museu. “Para quem vem de ônibus é difícil o acesso, só tem estacionamento para carro, e em horário de pico o eixo é mais difícil” conta o funcionário, que acredita também que a procura pelo museu é baixa. A estimativa feita por Raimundo é de 100 a 150 visitas por dia, com algumas mudanças a depender da época do ano.Apesar das dificuldades, o brilho dos artigos indígenas expostos no museu é diferente daquele que reluz de faixas presidenciais, lantejoulas, fardas e medalhas militares. Ele tem o brilho próprio da cultura, da arte e da sabedoria dos primeiros habitantes do país, influência direta e indireta no Brasil que existe hoje. Uma funcionária que não quis dar entrevista afirmou que, desde a mudança do diretor, há dois anos, o museu tem mais interação e mais freqüentadores. “Por ser índio mesmo, ele tem mais capacidade de organizar” afirma. O atual diretor do Memorial dos Povos Indígenas, Marcos Terena, primeiro índio na história a administrar o memorial, assumiu em agosto de 2007 e, desde então, trabalha na interação entre o Memorial e os próprios povos indígenas, com exposições culturais, diálogos entre indígenas, encontros, celebrações do Dia do Índio – 19 de abril – e do Dia Internacional dos Povos Indígenas – 9 de Agosto.
Mas nem tudo foi um rio de penas e cocares. Cobiçado durante muitos anos, o prédio destinado aos povos indígenas é “muito bonito para ser Museu do Índio”, afirmou José Aparecido de Oliveira, governador na época da inauguração. De Arte Moderna a Brasília, muitos museus tentaram ser instalados sem sucesso no espaço. Somente em 1995, com uma série de manifestações e rituais indígenas no prédio, esses povos puderam ter de volta seu espaço, tombado em 2007 pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
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