Estudantes da UnB incentivam um meio de transporte alternativo e menos poluente: as bicicletas coletivas
Durante o período de aulas, a Universidade de Brasília enfrenta um problema cada vez mais comum na capital federal: o excesso de carros. A conseqüência mais visível é a falta de vagas nos estacionamentos da universidade, entretanto, estudantes afirmam que o problema dos carros vai além, como congestionamentos e a emissão de gases poluentes. No segundo semestre de 2007, o projeto Bicicleta Livre, idealizado por Davi Ramos, na época estudante de Educação Física, começou a entrar em andamento como alternativa aos automóveis e incentivo ao uso de um meio de transporte menos poluente.
O projeto consiste em um sistema de bicicletas identificadas pintadas de amarelo e espalhadas pelo campus. As bicicletas podem ser usadas por qualquer pessoa dentro do espaço da Universidade e não existe burocracia para o uso delas, desde que não saiam do campus Darcy Ribeiro e sejam devolvidas ao lugar onde foram emprestadas. O sistema das bicicletas coletivas foi inspirado no grupo Provos, da Holanda, que, para estimular o uso da bicicleta como meio de transporte, espalharam pela cidade de Amsterdã várias bicicletas pintadas de branco. Sob a acusação da polícia de estimular o roubo, as bicicletas passaram a ter cadeado com a senha identificada na própria bicicleta. Em Brasília houve uma tentativa de implantar a mesma ação, através de um sistema de bicicletas públicas batizado de Mobicicleta, cuja licitação foi suspensa pelo Ministério Público. Para Yuriê Batista, 24, estudante de Geografia da UnB e voluntário do Bicicleta Livre, a decisão do Ministério Público foi boa, já que o projeto do governo não previa nenhum debate ou discussão com a sociedade.
O Bicicleta Livre da UnB, no final de 2007 e em 2009, se tornou parte da Agenda Ambienta da Universidade, como projeto de extensão contemplado com bolsas de até R$5.000. O primeiro apoio veio da Faculdade de Educação física, que cedeu algumas bicicletas, ferramentas e um espaço físico para a manutenção delas. A proposta do Bicicleta Livre é que, até o final do ano, 100 bicicletas estejam circulando pelo Campus. Com o apoio da rede Transamérica, e a ONG Rodas da Paz, várias bicicletas foram doadas, inclusive infantis. O acordo é que os voluntários possam ficar com as bicicletas doadas, e, em troca, reformem as bicicletas infantis que serão doadas a crianças carentes pelo projeto da Transtrenó.
“Não tem ninguém aqui que sabe mesmo ou é mecânico, a maioria acaba aprendendo aqui mesmo, se ajudando” declara Yuriê Batista. Todos os sábados, os participantes e voluntários do Bicicleta Livre realizam uma oficina na Faculdade de Educação Física, para reformar e consertar as bicicletas. O estudante Yanã Batista, 21, estudante de Geografia, entrou há poucas semanas no projeto e afirma que aprendeu muita coisa sobre as bicicletas durante as oficinas. “Me amarro em bicicleta e sempre vim com ela para a faculdade” afirma. O mesmo caso aconteceu com Molina Milanez, 25, estudante de psicologia, que entrou no projeto junto com o namorado Eduardo. “Não tinha nenhuma noção de manutenção, aprendi no projeto” diz.
Apesar de não ser estudante da UnB, Renato Zerbinato, paulista de 32 anos, é voluntário do projeto Bicicleta Livre. Renato é membro da ONG Rodas da Paz e adepto da bicicleta desde pequeno. Com o apoio do Bicicleta Livre e realizado pelo Rodas da Paz, o dia 22 de Setembro, dia mundial sem carro, terá atividades como a tradicional Bicicletada e o Desafio intermodal – saindo do Guará e com destino à “Praça das Bicicletas, entre o Museu e a Biblioteca Nacionais, 9 pessoas vão testar os limites de cada meio de transporte: bicicleta, carro, ônibus, moto e metrô. A intenção é identificar o meio mais barato, mais eficiente, mais rápido e menos poluente. Em outros lugares do mundo em que foi realizado o desafio, na maioria deles a bicicleta foi considerado o melhor meio de transporte.
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