terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Brasil pela Anistia no UniCEUB

Centro Universitário de Brasília promove debate sobre a Anistia

Às 9 horas do dia 25 de Agosto de 2009, o Centro Universitário de Brasília – UniCEUB sediou uma mesa-redonda sobre os 30 anos da Lei da Anistia no Brasil, onde também foram distribuídos exemplares da edição especial do Esquina, jornal laboratório do curso de Comunicação Social, que falava sobre a Anistia e colhia depoimentos de quem viveu a repressão da ditadura militar, um projeto idealizado pela estudante Maria Olívia Serejo e coordenado pelo professor Vivaldo de Sousa. Idealizado por estudantes de Direito e Comunicação Social, e com o apoio das respectivas coordenações de curso, o debate, que incluía jornalistas, juristas e um cineasta, se estendeu até às 11 horas e 20 minutos do mesmo dia. Foi um debate caloroso sobre a mobilização do povo brasileiro durante a repressão da ditadura, quando muitos entregaram a vida pela liberdade e pela democracia no país.

A Lei da Anistia foi sancionada no dia 29 de Agosto de 1979, e assegurava Anistia a presos e perseguidos por crimes políticos. Entretanto, a luta do povo brasileiro começou antes, em 1968, com movimentos pró-anistia liderados principalmente por estudantes, artistas, intelectuais e jornalistas. Artistas ainda hoje muito conhecidos e apreciados, como Chico Buarque e Vinícius de Morais, se juntaram na memorável Passeata dos Cem Mil em que, através da arte e da musica, a democracia se mostrava o maior desejo dos brasileiros. A Passeata teve retorno da ditadura através do Ato Institucional nº 5, que fechou o Congresso Nacional para legislar por decreto e endureceu o regime.

A repressão não aconteceu somente nos porões ou nos quartéis, mas também na própria sociedade. Muitos militantes foram reprimidos por vizinhos ou demitidos de seus empregos pelo simples fato de apoiarem as manifestações ou serem de esquerda. Projetos de vida foram interrompidos com os exílios, as perseguições, as torturas e os assassinatos promovidos por um Estado que deveria existir para proteger o cidadão. Com toda a carga de culpa do Estado e os danos que a ditadura militar causou ao povo brasileiro, foi criada, em 2001, a Comissão de Anistia, com o intuito de reparar financeiramente os perseguidos políticos da época.

O debate sobre a Anistia incitou pouco a participação dos estudantes, mas rendeu uma leva de olhares atentos. Apesar de o Brasil ter se libertado das amarras da ditadura militar, a democracia plena se conquista em passos graduais. Depois de 30 anos, ainda é preciso manter vivo o debate sobre a repressão sofrida pela população e a força que a mobilização do povo teve nesse processo. A apatia e o descaso com a história apenas favorece uma democracia de fachada, enquanto o povo fica nos bastidores. Para que a democracia seja consolidada, é preciso sinalizar para a população, sejam estudantes ou não, que a memória não pode se desfazer das lutas que precederam a vitória do Brasil pela Anistia, e que as investigações do período da ditadura militar ainda não terminaram.

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