sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Leitura libertária

Há um mês, a rotina de aproximadamente 400 detentas mudou de forma crucial. Desde setembro, o que antes era conhecido como “ponto cego” do presídio feminino deixou de ser um esconderijo de tramas para se tornar o principal ponto de interesse das presas: a Biblioteca Maria da Penha. O acervo conta com cerca de 3 mil livros, adquiridos através de doações da comunidade, e é coordenado por Maria Luzeni Soares, 40 anos de idade e advogada criminal, condenada por cometer crime de estelionato. Os banhos de sol no presídio feminino deram um tempo aos esportes e se tornaram espaço para verdadeiras viagens através da imaginação das detentas, que ocupam todos os espaços disponíveis no concreto do pátio sentadas e afundadas na leitura.

A verdadeira liberdade está no pensamento e nos sonhos das mulheres, em sua maioria jovens presas por tráfico que mal abandonaram a adolescência, que encontram, nos livros, uma forma de se esquecer do mundo. A rotina e o comportamento delas não foi mais o mesmo. Até as brigas diminuíram. Agora, os livros são a principal atividade das detentas no presídio, levando-as a um estado de verdadeira liberdade: a liberdade das idéias e da imaginação.

Nenhum comentário: