sábado, 7 de março de 2009

Natureza Urbana

Horta comunitária na 713 norte combina literatura e meio ambiente

Em pleno século 21, com o caos urbano e a correria da vida cotidiana, a convivência com a natureza parece quase nula. No entanto, cenas como a existente da 713 norte chamam a atenção e a curiosidade das pessoas que passam. Uma horta comunitária orgânica foi instalada em um terreno em frente à casa da goiana Sandra Fayad, que foi quem trouxe e ideia para a asa norte. O mais curioso, no entanto, são as garrafas pet penduradas ao redor da estrutura da horta, com poesias escritas pela própria Sandra sobre plantas e preservação ambiental. A união entre a literatura e a horticultura urbana orgânica resultou na horta comunitária que hoje reúne mais de 100 espécies diferentes de plantas.

Sandra é natural de Catalão (GO) e escreve desde pequena. Os poemas espalhados por entre as folhas da horta são do seu livro “Animais que plantam gente”, publicado em 2008 pela editora LGE. Seu trabalho com a horta começou em 1998, no sítio Capuchinha no Lago Oeste. Em 2006, Sandra trouxe seu trabalho para o ambiente urbano. As plantas, dentre elas muitas medicinais, já tinham matrizes adaptadas para o cerrado, pois vieram de outras regiões. O processo de adaptação das plantas, diz Sandra, é como o das pessoas: no início é ruim, mas depois se adapta.
A horta comunitária trabalha com um sistema de auto-atendimento. Mudas de plantas estão disponíveis a preços entre R$1,00 e R$3,00, que devem ser depositados dentro da caixa de correios. Os produtos da poda estão disponíveis gratuitamente, a exemplo do capim santo. A horta sobrevive do trabalho e da cooperação de voluntários, e inclusive de vizinhos que doam materiais recicláveis, como caixas de leite vazias para comportar as plantas, e restos de alimentos para a compostagem e para alimentar as minhocas que adubam a terra.

Encantado pelo trabalho realizado na horta, Daniel Arantes, administrador do espaço Swaha, criou um projeto chamado Erva Viva. A intenção do projeto é buscar voluntários com mais consciência ecológica para trabalharem em um ambiente de respeito aos animais e às plantas, uma interação que Sandra Fayad julga fundamental. “Nas outras vezes que pessoas reagiram como se as plantas fossem mortas, reagiram mal” comentou ela. O projeto começou em março deste ano, também para informar os benefícios da horta para a sociedade e recuperar a medicina orgânica utilizada antigamente. Daniel pretende transformar a horta em uma “capa de revista”, modelo em Brasília, até o mês de novembro, com a colaboração de uma equipe com paisagistas e arquitetos.

Com os voluntários, o projeto prevê um final de semana por mês reservado ao trabalho na horta. Na sexta-feira, é realizada uma palestra sobre temas de conscientização, enquanto no sábado há um curso de educação e valores humanos. O curso é essencial para direcionar, no domingo, as ações da equipe na horta, pois trata de valores internos que devem ser despertados, como a não-violência contra o meio ambiente. O Senar DF se propôs a organizar três cursos para o projeto: horticultura, utilização e trato de ervas orgânicas e compostagem.

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